Lei de Say: que lei é essa?

Do https://www.capitalresearch.com.br/

Para entender melhor sobre economia, é preciso conhecer a Lei de Say, uma das principais teorias desta área. Mais conhecida por Lei da Oferta e da Demanda, Lei dos Mercados ou ainda Lei de Mercado de Say, ela é o ponto de partida para a maioria dos estudos sobre economia.

Segundo a Lei de Say, de maneira bastante resumida, o preço de produtos e serviços dependem de dois fatores: a demanda do consumidor e a disponibilidade do próprio produto.

Ao longo do artigo, vamos aprofundar esse conceito. Acompanhe para entender o que ela significa, como surgiu e como é interpretada por dois dos principais nomes da economia mundial.

Lei de Say: o que é e como funciona?

Com tantas nomenclaturas diferentes, é possível que você já conheça a Lei de Say, mas nunca a tenha conhecido por esse nome. Seu propósito é simples e estudado até hoje em cursos de Economia e Administração.

Ela procura fazer a relação entre a capacidade de oferta e demanda do mercado na totalidade. Isso não se refere apenas às relações comerciais entre as empresas, mas também com o público: a Lei de Say está presente tanto nas grandes transações corporativas quanto nas compras de mês.

A teoria do economista Jean-Baptiste Say, autor da lei que leva o seu nome, estabelece que somos capazes de consumir apenas quando conseguirmos produzir algo de valor equivalente com o nosso trabalho.

O conceito funciona estabelecendo a interdependência da sociedade. Você sabe como produzir energia elétrica? Como produzir alimentos ou tornar a água potável? Alguém ou alguma empresa sabe, mas ela te fornece esses mantimentos caso também produza algo de valor.

Se é um programador, provavelmente, produz valor ao desenvolver aplicações para computadores ou smartphones, por exemplo. Para fazer essa troca, usamos o dinheiro. Ele é a medida adotada para parametrizar o valor do seu trabalho e o custo de consumo do que precisa para viver.

Como surgiu a Lei de Say?

Assim como o Liberalismo Econômico, a Lei de Say foi desenvolvida no século XVIII, em meio à difusão do Iluminismo. Esse movimento social foi um dos maiores responsáveis pela mudança nas sociedades no mundo, e até hoje sua influência nas artes, ciência e economia é sentida.

A teoria foi uma das primeiras a definir o valor de um produto não pelo trabalho envolvido em sua produção, mas na sua utilidade. O economista usou um simples enunciado que explica esse conceito: a oferta cria a sua própria procura. Ou seja, assim que um produto é ofertado, ele automaticamente cria um mercado para outros semelhantes e derivados dele. A própria oferta é capaz de gerar demanda

Quem foi Jean-Baptiste Say?

Nascido em 1767, o economista cresceu em meio à expansão dos ideais do iluminismo, como vimos. Ele trabalhou boa parte de sua vida em jornais liberais na França e difundindo ideias de Adam Smith, que conhecera em uma viagem à Inglaterra.

Após esse período, se dedicou à indústria têxtil, trabalhando como empreendedor até a metade final de sua vida. Foi nessa época que teorias, como a Lei de Say, foram desenvolvidas, e que as suas principais obras foram publicadas, entre elas o “Tratado de Economia Política”, de 1803.

Sua contribuição mais reconhecida, a Lei de Say, foi a primeira a considerar oferta e demanda como operadores da economia. Ela tornou mais simples conceitos como a própria mão invisível do mercado, cunhada pelo próprio Adam Smith. Por meio da lei dos mercados, se entendeu melhor como funcionava a oferta e demanda na sociedade.

As duas interpretações da Lei de Mercado de Say

Existem diversas interpretações sobre a Lei de Say, de acordo com economistas e teorias. Duas delas se destacam: um contra e outro a favor.

A primeira delas foi feita por John Maynard Keynes, fundador do keynesianismo e um dos principais críticos à Lei de Say. Sua crítica se fundamenta a partir do que ele considera um “simplismo” do ditado “a oferta cria a sua própria procura”.

De acordo com o economista, essa regulação invisível não acontece de maneira automática, como a Lei de Say prega. Ele salienta o risco permanente de superprodução geral, considerando que a demanda pode ser insuficiente para que os valores de produção e venda sejam igualados.

Ou seja, a oferta não cria a demanda como a Lei de Say estabelece, mas o inverso.

Essa interpretação foi refutada por Ludwig von Mises, que trouxe uma “crítica à crítica”. De acordo com o teórico liberal, a interpretação de Keynes estava equivocada, e a Lei de Say está correta.

Ele defende que aumento na produção significa maior capacidade de aumentar o consumo e a demanda. O economista salienta que os próprios produtores, ao vender seus produtos, também aumentam o seu consumo e, consequentemente, a demanda.

Lei de Say e intervenção estatal: o que ela diz?

Como um liberal que evoluiu alguns dos conceitos criados por Adam Smith, a Lei de Say foi criada sem considerar variáveis relacionadas à intervenção estatal, como impostos e barreiras alfandegárias.

Dito isso, é importante mencionar que, como um seguidor de Smith, certamente Jean-Baptiste Say também era um defensor das ideias liberais, como a livre concorrência e o Estado Mínimo.

Na verdade, tanto o autor quanto outros economistas da escola clássica e austríaca culpam grandes crises e depressões pela própria intervenção estatal na economia.

De maneira que podemos considerar como “natural”, Jean-Baptiste Say evoluiu as teorias do próprio Adam Smith, de quem era seguidor, para mudar a forma como a sociedade encarava as relações de oferta e consumo. Até hoje, seus ideais são debatidos, traduzidos e adaptados para a nossa realidade. 

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