A Condição Humana na visão da filosofa germânica-americana Hannah Arendt


Considerada uma das teóricas políticas mais influentes do século XX, a alemã Hannah Arendt fugiu do nazismo em 1933. Quatro anos depois, perdeu a nacionalidade alemã até se tornar cidadã americana em 1951. Morreu em Nova York, no dia 4 de dezembro de 1975, aos 69 anos. Mas, as reflexões da filósofa são estudadas até hoje.

Em seu livro “A Condição Humana”, Hannah Arendt revela preocupações com o contexto histórico de seu tempo e analisa o modus vivendi dos tempos modernos. Ela termina o prólogo da obra, dizendo: “... a finalidade da análise histórica é pesquisar as origens da alienação no mundo moderno, o seu duplo voo da Terra para o universo e do mundo para dentro do homem, a fim de que possamos chegar a uma compreensão da natureza da sociedade, tal como esta evoluíra e se apresentava no instante em que foi suplantada pelo advento de uma era nova desconhecida”.

Para ela, não bastam a ação e o discurso para diferenciar os homens, é necessário o preenchimento de uma condição básica de pluralidade consistente em dois aspectos: 

a) Igualdade para que seja possível a compreensão dos homens entre si; e

b) Diferença, para que os homens possam utilizar da ação e do discurso.

Hannah diz que o homem tem a faculdade de iniciar, criar e perceber a natureza e a história como processos que resultará numa consequência nem sempre previsível. E o mais preocupante, segundo ela, é que o homem como o iniciador desses processos não consegue controlar as consequências nem desfazer o processo. O leva a condenação da liberdade humana, já que essa possibilita ao homem criar algo que não conseguirá controlar nem desfazer. Dessa forma, quando o homem é iniciador, momento de maior liberdade, também limita essa capacidade, já que não pode controlar suas consequências.

A Filosofa enxergou a produção da história, a partir das relações subjetivas desenvolvidas entre as pessoas, ou seja, uma teia de relações humanas construídas pela ação e o discurso (que se repetem indefinidamente), o que permite a produção de uma história.

Para Hannah essa história não tem um autor, mas uma “mão invisível” que dos bastidores gera a história. Nessa história os homens são os personagens, não criam própria história, ela se dá em uma teia de relações pré-existentes.

De sua análise, a autora conclui que os processos irreversíveis e imprevisíveis desencadeados pela ação humana, são resolvidos por faculdades que dependem da pluralidade (igualdade e diferença) e derivam do desejo de conviver com outros homens na ação e no discurso, sendo elas, perdão e promessa. O perdão resolve a irreversibilidade, já que desfaz o passado, não limitando o agir a um único ato (sem o perdão o ato inicial seria eterno). Além disso, o perdão é uma reação ao ato anterior, mas também um agir novo, incondicionado pelo agir inicial que libera das consequências aquele que perdoa e que é perdoado. A promessa, por sua vez, resolve a imprevisibilidade, visto que cria um futuro minimamente seguro, há certeza quanto a realização de um evento, aquele prometido.

Hannah Arendt vê a ação humana como reveladora, uma vez que é acompanhada do discurso que apresenta “quem” o homem é. Todavia, esse “quem” é visível apenas para o outro, para o homem o que apresenta é apenas “o que” ele realmente é.

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