Por Mauricio
Miguel*
Se
cruzassem os perfis dos deputados Ana do gás e Josimar de Maranhãozinho num
desses testes de sites e revistas adolescentes, certamente resultaria num alto
percentual de compatibilidade, pois devo confessar que do alto dos meus quase
50 anos de vida e anos de militância em prol da cidadania, nunca vi duas
pessoas com tantas coisas em comum.
Ambos
são deputados estaduais do Maranhão, ambos se elegeram ao cargo com campanhas
milionárias, ambos desempenham um papel inexpressivo na Assembleia Legislativa,
ambos não honraram os votos que receberam, ambos têm muita coisa para explicar ao
povo, ambos vem cometendo atos gravíssimos contra a cidadania. É tanta
sincronia entre esses dois, que seria cômico, se não fosse o que é, trágico.
A tragédia está em nunca ter sido esclarecido o trecho
da gravação telefônica da conversa entre o presidente do Tribunal de Contas do
Estado, Edmar Cutrim, e Raimundo Cutrim e Rubens Pereira, em que o conselheiro revela
aos interlocutores ter informações de que Ana do Gás e Josimar de Maranhãozinho teriam gasto,
juntos, R$ 50 milhões na campanha para chegar à Assembleia, quando dados da
segunda parcial da prestação de contas relatam que Ana apontava um
arrecadamento de R$ 209 mil e gastos contratados de R$ 225 mil, e Josimar
apontava receitas da ordem de R$ 232 mil e despesas de R$ 201 mil.
A tragédia está no fato de que mesmo com o
vazamento, em meio a deflagração
da Operação Pegadores da Polícia Federal, de um vídeo em que Ana do Gás ameaça a
diretora do UPA do Parque Vitória, Camila Maia, para que aceite que sua irmã, funcionária
fantasma, continue a ser lotada na unidade sem precisar ir trabalhar, cometendo desse
modo, o crime de constrangimento moral e falta de ética parlamentar, o Conselho
de Ética da Assembleia Legislativa estadual não foi respeitado e a deputada não
teve seu mandato cassado.
A tragédia está no fato de que mesmo tendo sido indiciado pela
Polícia Federal por corrupção passiva, em meio à investigação da Operação
Cupim, acusado de fazer parte de um esquema criminoso, em que era cobrada uma
taxa para entrada de caminhões em áreas indígenas do município de
Maranhãozinho, para extração de grande quantidade de madeira de forma ilegal;
Mesmo praticando captação
ilícita de sufrágio, ao distribuir materiais de construção e outros benefícios
aos eleitores e utilizar veículos da Prefeitura de Maranhãozinho para entregar
parte do material; Mesmo tendo sido acusado de utilizar documentos falsos na
eleição, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa estadual não foi
respeitado e o ex prefeito e atual deputado não teve seu mandato cassado.
A
tragédia definitivamente está no fato de que apesar de tudo isso, Ana do gás e
Josimar de Maranhãozinho estão livres, exercendo cargos públicos, colecionando
ambições, corrupções, intimidações e rios de dinheiro. Dispostos a repetirem
tais atos por mais 4 anos, enquanto as pessoas que os elegeram, e até mesmo a
que não os elegeram, estão endividadas, passando por necessidades, furtadas de
seus direitos básicos e ignorando (não por opção), a maioria das informações
aqui expostas.
Porém,
é de extrema importância, que essas informações cheguem ao povo, e cheguem
logo, cheguem antes que eles tenham mais 4 anos para repetir os mesmos erros e cometer
outros, antes que mais crianças, mais adolescentes, mais adultos recorram
desesperadamente a ONGs, como a que presido, com problemas graves, causados
pelo descaso e corrupção que políticos como esses dois, causam a sociedade.
Mauricio Miguel
Presidente do
Instituto de Cidadania Ativa