Para os pesquisadores da ONG denominada de Instituto de Cidadania Ativa,
o linchamento “Denota um estrangulamento na credibilidade das instituições que
deveriam estar respondendo com um trabalho eficaz na segurança e na prática da
justiça. Sim, porque o linchamento hoje em dia praticado, traz em seu bojo além
de um conceito intrínseco de descrédito de que os criminosos sejam punidos de
forma tal que faça com que haja decréscimo nos atos ilícitos, há também, ao que
parece, um momento em que as pessoas colocam para fora seus estresses, seus
sentimentos de desilusão, suas mágoas, contando com a possibilidade grande de
não ser reconhecido”.
Num documento de 53 páginas, os pesquisadores
da ONG definem o que é o linchamento e contextualiza sua prática no Brasil, destacando
casos de terror ocorridos no Maranhão nos últimos tempos e as ações do chamados
“justiceiros”.
O QUE
É LINCHAMENTO?
“Linchamento
ou linchagem é o assassinato de uma ou mais pessoas cometido por uma multidão
com o objetivo de punir um suposto transgressor ou para intimidar, controlar ou
manipular um setor específico da população. O fenômeno está relacionado a
outros meios de controle social, mas tem a característica de se tornar um tipo
de espetáculo público”.
O presidente da ONG e Coordenador das pesquisas
realizadas, Dr. Maurício Miguel, explica que na horrenda prática do
linchamento, o agressor age de forma impulsiva e, violentamente fora do marco
da razão. “Na multidão, o agressor age
como se não fosse ele mesmo, como se fosse outro sujeito realizando justiça.
Raramente recorda-se do que fez e de como o fez”, observa o pesquisador.
MAS O
QUE LEVA UM GRUPO DE PESSOAS A ADOTAR UMA AÇÃO TÃO CRUEL E IRRACIONAL?
A ONG cita especialista para dizer que “o Brasil passa por uma crise política e
moral que se traduz em crescente descrença
nas instituições do Judiciário, Legislativo e Executivo.
“No geral, a população perdeu a confiança na polícia e na Justiça e cada vez
mais faz justiça pelas próprias mãos”.
O
DOCUMENTO CITA O CASO DE FABIANE MARIA DE JESUS, DE 33 ANOS.
“Em 03
de maio de 2014, em Morrinhos IV, bairro periférico da cidade do Guarujá,
localizada no litoral de São Paulo. Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, dona de
casa e mãe de duas crianças, foi espancada até a morte ao ser confundida com
uma sequestradora de crianças e adepta de rituais de "magia negra”. Sem
nenhuma chance de defesa, Fabiane sucumbiu diante da multidão enlouquecida, que
a agredia em meio a xingamentos e berros por justiça”.
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a integra do documento neste link