Vivemos num país de gestores tão medíocres a ponto de fazerem uso político com coisa séria como assassinatos de pessoas. Manipulam dados e omitem estatísticas reais para fugirem de suas responsabilidades.
Vamos aos fatos.
Atualmente os registros de homicídios nos estados e municípios podem ser obtidos de dois sistemas oficiais do governo federal:
O sistema “SINESPJC” (Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal), que tem como objetivo padronizar e organizar o fluxo dos dados criminais junto as polícias, a partir dos procedimentos de registro das ocorrências criminais. É gerenciado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (MJ).
O sistema “SIM” (Sistema de Informações sobre Mortalidade), criado pelo DATASUS para a obtenção regular de dados sobre mortalidade no país, a partir da causa mortis atestada pelo médico, através da declaração de óbito das mortes por agressões e intervenção policial. É gerido pelo Ministério da Saúde (MS).
O sistema “SINESPJC” registra os homicídios roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte, morte decorrente de intervenção policial e morte a esclarecer. Já O “SIM” registra somente homicídios causados por agressão mais intervenção legal.
Os dados obtidos nos dois sistemas são divergentes. Qual dos dois está certo no confronto OCORRÊNCIAS POLICIAIS X DECLARAÇÃO DE ÓBITOS?
Os dados de ocorrências policiais são confiáveis? Todos os óbitos são registrados? As descrições dos óbitos são feitas de modo correto?
A título de exemplo um registro dos dois sistemas sobre homicídios no Maranhão.
HOMICÍDIOS
REGISTRADO NO MARANHÃO POR DOIS SISTEMAS OFICIAIS. QUAL É O CERTO?
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Sistemas
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2013
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2014
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2015
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2016
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O que registra
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SINESPJC
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1.757
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2.101
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2.122
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2.214
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Roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte, morte
decorrente de intervenção policial e morte a esclarecer
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SIM
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2.163
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2.462
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2.438
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2.408
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homicídios causados por agressão mais intervenção legal
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No Maranhão, este blog provou a manipulação de dados pela Secretaria de Segurança do Estado para jogar para baixo as estatísticas de homicídios para passar à população a sensação de segurança. (Confira aqui e aqui).
No portal da Secretaria de Estado da Segurança Pública, na UNIDADE DE ESTATÍSTICA E ANÁLISE CRIMINAL, só tem dados parciais de casos registrados somente na ilha de São Luís. Os dados do interior são escondidos. Mesmo os dados da grande ilha, o cidadão não tem acesso aos dados de messes ou anos anteriores. Só fornecem assim:
Relação nominal de vitimas de
Mortes Violentas (Mês anterior): Clique aqui
Relação
nominal de vitimas de Mortes Violentas (Mês corrente): Clique aqui
A EXPLICAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
“As UF’s percebem os dados e as informações como “propriedade” delas e de suas polícias (por serem fontes primária de dados), assim entendem que caberiam a elas a decisão e a forma de divulgação. No campo da segurança a divulgação de informações que revelem o aumento da criminalidade podem ser usadas como justificativas para destituir secretários, chefes de polícia e comandantes. A decisão de um governador ou secretário estadual em aderir à um sistema nacional, como o SINESPJC, significa estar sujeito à comparabilidade com as demais UF’s e em momentos de crise política ou proximidade de eleições, a divulgação de informações que sejam desfavoráveis é vista com grande resistência”, declaração de Marcelle Gomes Figueira na tese: A construção de um Sistema Nacional de Informações em Segurança Pública.
Assim, nem as autoridades federais, nem as estaduais levam a sério um problema tão grave como homicídios. Ao contrário, manipulam os dados das vítimas para fazer política como estamos vendo o governo do Maranhão e seus aliados falseando a realidade encima de dados falsos.
Ninguém em sã consciência dirá que a violência no Maranhão diminuiu ou está sendo combatida à altura.