O Palácio do Planalto
decidiu mobilizar todo o primeiro escalão do governo para que os ministros
trabalhem no corpo-a-corpo com deputados e ajudem a barrar a denúncia contra o
presidente Michel Temer por corrupção passiva. A votação na Câmara está marcada
para o próximo dia 2 de agosto.
O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, enviou
ofícios aos ministros pedindo que todos estejam em Brasília entre os dias 1º e
10 de agosto, informa o repórter Nilson
Klava, da GloboNews. No ofício, Padilha informa
que a orientação do presidente é que os ministros evitem deixar a cidade nesse
período.
A intenção do Planalto é que os ministros intensifiquem a agenda política e atendam às demandas dos deputados durante o período de "plantão".
Governo acelera liberação
de emendas para parlamentares que lhe dão o voto para livrá-lo dos seus crimes.
Oposição diz que verba beneficia quem vai votar a favor
de Temer na CCJ. Mas cortes bilionários no orçamento afetaram serviços de
órgãos federais.
Dos R$ 4,1 bilhões das emendas individuais já
empenhadas, R$ 3,5 bilhões foram para deputados e outros R$ 541 milhões para
senadores. Segundo os dados do Siga Brasil, sistema de acompanhamento da
execução orçamentária do Senado, até o último dia 19 de julho, o governo havia
feito o empenho de R$ 4 bilhões em emendas individuais de deputados e
senadores. A soma chega a R$ 4,2 bilhões quando somados os R$ 224 milhões das
emendas das bancadas estaduais, também de caráter impositivo.
Temer está cometendo o vivo o crime de impedir por
corrupção, o livre exercício do voto (liberando emendas para comprar votos).
O crime está previsto no art. 7º, 1, da LEI Nº 1.079/50,
que define os crimes de responsabilidade do presidente
da República e regula o respectivo processo de julgamento.
No dia mais intenso, 4 de julho, o peemedebista chegou às 8 horas ao Planalto
e deixou o gabinete presidencial somente depois das 22h30, após receber 30
deputados. Às vésperas da votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
na quinta-feira passada, Temer recebeu um total de 49 deputados, 27 na
terça-feira e 22 na quarta-feira.
Dos 40
parlamentares que votaram a favor de Temer na CCJ, o presidente esteve com mais
da metade deles: 26. Somente o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), autor do
relatório contra a aceitação da denúncia, esteve quatro vezes no Planalto nesse
período. No sábado, o tucano almoçou com o presidente no Palácio do Jaburu.
A
chamada tropa de choque do governo também marcou presença constante no
Planalto. O líder do PMDB, deputado Baleia Rossi (PMDB-SP), esteve 11 vezes no
palácio; os três deputados líderes do governo – Aguinaldo Ribeiro (PP-PB),
André Moura (PSC-SE) e Lelo Coimbra (PMDB-ES) – também lideram a lista dos mais
assíduos. Completam essa relação Carlos Marun (PMDB-MS), Beto Mansur (PRB-SP) e
Darcísio Perondi (PMDB-RS), que neste domingo esteve com o presidente no
Jaburu.