Para evitar que Temer sente no banco dos réus no STF, a base governista remanejou na última semana nada menos que 20 dos membros da CCJ - Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (que tem 66 titulares e 66 suplentes) que avalia a denúncia de corrupção passiva que pesa sobre o presidente da República.
O PR foi incumbido de trocar os deputados Delegado Waldir (GO), Jorginho Mello (SC), Marcelo Delaroli (RJ) e Paulo Freire (SP) pelos os deputados "vendidos" Bilac Pinto (MG), Laerte Bessa (DF), Magda Mofatto (GO) e Milton Monti (SP).
O deputado Delegado Waldir revoltou-se e disparou contra o partido, contra o governo e contra o próprio Michel Temer. Sacado da comissão que integrava havia dois anos, gritava chamando o partido de "vendido" e "cambada de bandido". "Este governo é bandido, é covarde", bradou. "Cambada de bandido! Está tudo grudado no saco do governo! Quem manda é o Temer, esse bandido! É um lixo de governo! Quadrilha organizada!", vociferou.
"Esta estratégia do governo de fazer com que parlamentares rastejem por sua permanência nesta comissão em troca de emendas e cargos vai ser vista pelo eleitor. Fui tirado de forma humilhante. Queria dizer que a organização criminosa que está no Planalto não vai se sustentar, vai cair."
O deputado Major Olímpio (SP) que já havia reclamado no final de junho por ter sido tratado como "corno", o "último a saber", quando removido do posto de titular da CCJ por sua legenda, o Solidariedade, deu apoio ao colega deputado.
"É a primeira vez que temos um presidente criminoso para ser apreciado", afirmou Olímpio, bradando que os postos na CCJ foram "comercializados criminosamente".
"É uma vergonha para esta Casa", afirmou. Foi vaiado pelos governistas. "Quem está vaiando está recebendo para vaiar, tem carguinho para vaiar", rebateu.
PLACAR
Pelos cálculos da oposição, antes das trocas, o governo perderia por 32 a 30. Agora, depois de todas as mudanças, os adversários do governo dizem que Temer consegue vencer por 38 a 28.
A oposição pediu a anulação das trocas, mas o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que elas são permitidas pelo regimento.
As manobras na CCJ mostram que o governo será alvo de grande infidelidade na votação da denúncia no plenário da Casa.
Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar a denúncia, é preciso nessa votação do apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados. Assista como será o rito da denúncia: Assista ao vídeo
Fonte: site da Folha de São Paulo
Fonte: site da Folha de São Paulo