De O Globo RIO - A Receita Federal libera a partir das 9h desta quinta-feira a consulta para o primeiro lote da restituição do Imposto de Renda 2017. O pagamento, porém, será feito apenas no dia 16, quando mais de 1,6 milhão de contribuintes irão receber R$ 3 bilhões. Mas, cuidado: apesar da tentação, especialistas insistem que é preciso cautela na hora de gastar o dinheiro.
— Se o contribuinte tiver alguma dívida, a prioridade será sempre que ele use essa quantia para pagar a dívida, seja total ou parcialmente — aconselha Fabio Garcia, professor de Finanças Pessoais da Eaesp-FGV.
Para saber se está incluído no 1º lote, o contribuinte deve realizar consulta pelo CPF neste site.
Myrian Lund, planejadora financeira e professora da FGV, concorda que as dívidas devam sempre ser o destino prioritário das restituições, e acrescenta ainda a importância de uma reserva de emergência. Segundo ela, porém, a poupança não é a aplicação mais recomendável para guardar a quantia emergencial.
— Poupança não é investimento. Para manter uma reserva de emergência, o ideal é investir em um fundo de renda fixa ou em títulos do Tesouro indexados à taxa Selic, por causa de sua liquidez diária. Vendeu hoje, recebe no dia seguinte — explicou ela.
Para os felizardos que já tem um fundo de reserva e não têm dívidas para pagar, a dica então é investir. Apesar dos últimos anúncios do Comitê de Política Monetária (Copom), que vem reduzindo as taxas de juros (hoje, a Selic está em 10,25%), os especialistas mostram que ainda vale a pena manter dinheiro aplicado, já que o Brasil continua apresentando uma taxa de juros real acima de 4% ao ano.
— Tesouro Direto é sempre uma boa oportunidade, porque é onde é possível conseguir taxas mais altas. Mas, para saber qual título escolher, é preciso definir o destino desse dinheiro. É uma viagem? Um carro? Uma aposentadoria? Tudo depende — disse Myrian.
Para Mauro Calil, consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, a restituição do IR deve principalmente reforçar investimentos que já estejam sendo feitos pelo contribuinte, por não ser uma quantia muito expressiva. Mas, para os que querem começar a investir com a quantia, o especialista aconselha um fundo de debêntures incentivadas, que são títulos emitidos por empresas.
— Poucos estão falando sobre eles, mas é um investimento que vai ganhar expressão rapidamente, porque tem isenção do Imposto de Renda e aportes a partir de R$ 100, além de boa liquidez. Por isso, são uma alternativa interessante para quem quer usar a restituição para começar um investimento.
Mas, cuidado. Apesar da liquidez, que permite que você invista no fundo diariamente, é preciso ficar atento às regras de resgate do fundo, que não são tão vantajosas. Segundo Calil, as datas se iniciam em D+30, D+45, e até mais, já que o gestor precisa de um prazo para vender a debênture.
MOMENTO DE CAUTELA
Outro ponto em que os especialistas são unânimes é sobre onde não investir: ações. Segundo eles, o momento não é propício para investimentos de risco, devido às crises políticas, que acabam influenciando o cenário econômico.
CUIDADO COM ANTECIPAÇÃO DA RESTITUIÇÃO
Caso o contribuinte não esteja no primeiro lote, o professor de Finanças Pessoais da Eaesp-FGV desaconselha empréstimos bancários antecipados que, segundo ele, contam com taxas muito próximas às de crédito pessoal, em torno de 4% e 5% ao mês.
— É um risco muito grande, já que você está contando com um dinheiro que ainda não saiu, e com taxas muito altas. Por isso, a recomendação é sempre mais cautela. A única hipótese em que se recomenda a medida é para trocar uma dívida mais cara por uma mais barata — explica Garcia.