DA FOLHA.
Jornalistas da afiliada da Rede Globo no Paraná, a RPC TV, sofreram ameaças de morte durante a cobertura de um esquema de corrupção no Estado.
Os profissionais acompanhavam a denúncia contra um grupo de empresários de Londrina –um deles, parente do governador Beto Richa (PSDB)– acusados de fraudar uma licitação para a manutenção de carros do governo estadual. Em paralelo, apuravam informações sobre um esquema de corrupção na Receita Estadual, em que servidores são acusados de cobrar propina para não autuar empresas irregulares.
Segundo a RPC, "durante dias, pessoas estranhas seguiram os passos dos jornalistas". Na última semana, um dos profissionais, o produtor James Alberti, soube que haveria uma emboscada planejada para matá-lo, numa simulação de assalto, segundo informou o Sindicato dos Jornalistas do Paraná.
Alberti deixou imediatamente a cidade, sob proteção policial, e está em local incerto, fora do Estado.
O sindicato informou, em nota, que o fato é uma "ameaça à liberdade de imprensa" e que se agrava por "acontecer num cenário em que as investigações envolvem pessoas muito próximas ao governador".
A RPC comunicou o governo estadual, a Polícia Federal e o Gaeco, braço investigativo do Ministério Público do Paraná, sobre as ameaças. O Gaeco, que conduz as investigações sobre o esquema de corrupção, também está apurando a ameaça aos jornalistas.
Os repórteres que cobriam o caso foram remanejados, e foi iniciado um rodízio de profissionais para este tema.
Em nota, a empresa disse que as ameaças foram "uma evidente ação de intimidação e ameaça", e que irá continuar acompanhando as denúncias "até a conclusão de todos os trabalhos da polícia e da Justiça".
O governo do Paraná, por meio da Secretaria de Segurança Pública, informou que determinou a abertura de uma investigação para "apurar com rigor as ameaças".