O eternamente
*Por Fernando Atallaia
Chamou para contar estrelas. Ela preferiu contar dinheiros
Clamou para ouvir mistérios. Ela preferiu sussurrar assombros
Tinha duas mãos. Mas só uma sabia do soltar do amor entre os dedos
Tinha duas mãos, mas só uma sabia
(...)
Da ciência de esconder a dor sob os espelhos, roubou a senha para labirintos Suprimidos
(...)
Chamou para voar castelos. Ela preferiu albergues de terra/poeira esvoaçada sobre tristes almas de casebre
Casas de alpendres a enterrar talheres no opaco das manhãs
Lutou para tê-la em tela
Dificilmente um artista das comensais bradaria entre as conhecidas tabernas de outrora
Janela de fundo para horizontes aprisionados
Ela preferiu o apagar das imagens
Tinha duas almas. A psique aparentemente enquadrada nas salas do Presente
Tinha o pão e a calçada. Mas era preferível o solo infértil aos ventos das Mãos consideradas dementes
Tinha ojeriza à paixão e sangrava a inexistência do amor. Até o dia em que começou a criar sóis
Comia sempre o mesmo itinerário. Ouviu o dia uma voz uma rua
Uma nova rua que beijada
Amava aos retalhos e por essa razão não amava
Morreu sem dentes à boca amarga que trancafiava beijos para o Eternamente.
Fernando Atallaia é Músico, compositor, poeta, jornalista, autor de mais de duzentas músicas, participou do 1º Festival de voz e violão do Es. é um dos mais importantes artistas maranhenses da década de 90. Único artista a integrar duas gerações distintas da arte, a Musical e a Literária no estado, Atallaia foi um dos fundadores do Grupo Carranca de Poesia e idealizador de movimentos como ‘A Vida é uma Festa’, ‘O Canto da Ema’ e Movimento Cultural Baluarte. Além de músico, poeta e compositor é também jornalista. Editor do blog oficial da Agência de Notícias Baluarte-ANB Online, Fernando tem parcerias com vários artistas do Maranhão dos mais diferentes segmentos e vertentes. Colaborador do Receptivo MA. http://blogdofernandoatallaia.blogspot.com.br/