O advogado mineiro Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Acobertado pelo poder dos poderosos e corruptos que defende, consegue libertá-los fácil fácil no tímido STF sem Joaquim Barbosa.
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Reportagem da Folha de São Paulo registra o advogado chantageando o Governo Brasileiro para não excluir empreiteiras corruptas.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse neste domingo (16) que se a Operação Lava Jato conseguir que as empreiteiras sejam declaradas inidôneas e proibidas de participar de obras públicas, haverá um grande prejuízo para a infraestrutura.
"Dentro da normalidade, você teria de declarar essas empresas inidôneas. Se elas forem declaradas inidôneas, você para o país".
Ele elogiou a atitude do juiz federal Sergio Moro de decretar a indisponibilidade de R$ 720 milhões de executivos na última sexta-feira (14), mas ter se negado a tomar a mesma medida com os recursos das empresas.
Kakay é conhecido por defender políticos como o senador José Sarney (PMDB-PA), o senador Zezé Perrela (PDT-MG), uns "40 governadores e ex-governadores", como costuma citar, e celebridades do porte do Roberto Carlos e da atriz Carolina Dieckmann.
O criminalista contou que foi ele quem recomendou a Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente e herdeiro da Mendes Junior, a se entregar neste sábado (15) em seu próprio jatinho em Curitiba (PR), após ter sua prisão decretada por suspeita de pagar propina para obter contratos na Petrobras. A frase que Kakay diz ter dito ao empreiteiro foi: "Você vai ser criticado por dois dias, mas não vai ser algemado".
O advogado brincou que preferia ficar em silêncio quando foi questionado como o PT poderia se livrar do escândalo da Petrobras. Mas afirmou acreditar que as investigações não atinjam a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. "Impeachment é história de perdedor. Dilma não está envolvida nisso."
Kakay foi entrevistado no Festival Literário da Piauí, em São Paulo, pela repórter Daniela Pinheiro.
REFORMA NA MARRA
O advogado criticou a forma como o Ministério Público Federal que atua na Lava Jato obteve o acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. "A delação do jeito que está sendo feita não tem nenhuma previsão legal. É um absurdo". Segundo ele, os procuradores usurparam o papel do juiz ao proporem que Costa seria solto se contasse tudo que soubesse. "O Ministério Público agiu como juiz".
O advogado diz que, se forem verdadeiros os números de parlamentares que receberam propina –um contingente de mais de 60 deputados e senadores–, a Operação Lava Jato vai provocar uma reforma política. "Vai ser feita na marra. Vai paralisar o país."
Kakay criticou os depoimentos dos réus da Lava Jato durante o período eleitoral –o doleiro Alberto Youssef citou que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma sabiam do esquema de desvios na Petrobras. "O Moro é brilhante e não acho que ele seja politizado. Mas acho um absurdo que os réus tenham sido ouvidos na época das eleições".
Ele atuou na defesa do doleiro no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no Supremo. Youssef teve de desistir de um pedido de habeas corpus que ele tinha ingressado no STJ quando optou por fazer o acordo de delação premiada.
O advogado, que defendeu o publicitário Duda Mendonça no mensalão, criticou a transmissão das sessões e a cobertura que a mídia deu ao julgamento. Duda foi inocentado, mas é tratado nas ruas como se tivesse sido condenado, ainda segundo ele.
Kakay atacou, particularmente, o ex-ministro Joaquim Barbosa: "É uma pessoa inculta, que nunca trabalhou na vida. Esse cidadão virou um herói nacional na mídia."