FIRMO
LOPES FILHO
VAI-SE
MAIS UM HERÓI
Nascido
em Natal – Rio Grande do Norte, filho de Firmo Lopes do Carmo e Josefina Lopes
de Macedo, Firmo Lopes Filho perdeu o pai quando ainda estava na barriga de sua
mãe e, por conta da amizade do seu pai, tornou-se afilhado do Ex Presidente
Café Filho, o qual o visitava com certa frequência. Começou trabalhar desde
cedo. Aos 13 anos já enfrentava o mar como pescador na costa do Rio Grande do
Norte em uma barcaça a vela.
Em
1936, com 18 anos, ingressou na Marinha de Mercante como “Moço de Convés”,
prestando serviços nos navios: Itanajé, Itapajé e Itapé, da Companhia de
Navegação Loyde Brasileiro.
Em Setembro de 1939, por conta da entrada do Brasil na II Guerra Mundial, foi convocado a servir na Marinha de Guerra, deslocando-se a bordo do navio Santarém da Companhia Loyde Brasileiro para o Quartel Central dos Marinheiros na Ilha das Enxadas, no Rio de Janeiro, então Capital da República.
Em Setembro de 1939, por conta da entrada do Brasil na II Guerra Mundial, foi convocado a servir na Marinha de Guerra, deslocando-se a bordo do navio Santarém da Companhia Loyde Brasileiro para o Quartel Central dos Marinheiros na Ilha das Enxadas, no Rio de Janeiro, então Capital da República.
Fez
Juramento em 1940 e foi destacado para servir no navio hidrográfico Rio Branco,
onde fez sua primeira viagem de guerra comboiando o primeiro contingente
expedicionário da FEB para a cidade de Napoli na Itália. Logo após deslocou-se
para Porto Alegre a Serviço do Presidente da República Getúlio Vargas.
Em
1942 foi destacado para ir buscar o navio Bauru B4, na Base Naval do Rio Grande
do Norte para fazer patrulhamento entre a Estação 13 e Fernando de Noronha,
numa viagem de aproximadamente 55 dias de vigilância ostensiva, desempenhando a
função de municiador de canhão antiaéreo.
Ainda
no Bauru, fez combóio de vários navios mercantes, inclusive com a presença
constante de um dirigível, entre Trinidad Tobago, Porto of Spain até o Rio
Grande do Sul. Após várias viagens, foi convocado para servir no navio
hidrográfico Vital de Oliveira, realizando inúmeras viagens de patrulhamento.
Numa
noite fria e quase sem estrelas no céu, em 1944, por torpedeamento de submarino
inimigo às 4:00 horas da manhã e a 100 milhas da costa de Sergipe, veio a pique
o navio Vital de Oliveira, que realizava o transporte de mais ou menos 400
pessoas à bordo, inclusive o Sr. Firmo Lopes. Neste acidente sobreviveram 17
pessoas, dentre elas este herói de guerra que passou 48 horas imerso no mar,
sendo resgatado a 4 milhas da costa por navios de pesca. Neste episódio, Seu
Firmo contava que ainda viu o submarino passando entre os restos do navio e
corpos para ver se ainda tinha alguém vivo para serem mortos por fuzilamento.
Por sorte, não passaram por perto dele.
Após
o resgate, Seu Firmo foi transferido para o Rio de janeiro e ficou 1 mês
internado no Hospital Marcílio Dias. Imediatamente após sua recuperação, foi
convocado para embarcar no navio encouraçado São Paulo, deslocando-se para
Recife.
Chegando
a Recife, foi destacado para prestar serviços no navio americano: destróier SS
Maika, ficando lá por pouco tempo. Logo depois foi convocado para prestar
serviços na rede antitorpêdica, localizada em Recife, no quebra mar até o fim
da guerra.
Em
08 de maio de 1945, desfilou na marcha da vitória na cidade de Recife.
Os
relevantes trabalhos que prestou a Nação lhe renderam inúmeras medalhas de
honra ao mérito e serviços de guerra, algumas, inclusive, solenemente entregues
pelas Forças Armadas Nacionais e Presidência da República. Mais que merecido.
Em
agosto de 1945 pediu baixa e deslocou-se até o Rio de Janeiro, onde voltou para
a Marinha Mercante do Brasil, efetuando viagens para vários Países.
Em
1960, foi convocado pelo Sindicato dos Contra-Mestres, Marinheiros Moços e
Remadores em Transportes Marítimos para vir a São Luís assumir a delegacia do
Sindicato desta categoria.
No
mesmo ano, deslocou-se para São Luís assumindo a Delegacia Sindicato dos
Contra-Mestres, Marinheiros Moços e Remadores em Transportes Marítimos. Nesta
época, a categoria não possuía nem piso salarial e os serviços oferecidos eram
pagos a critério do contratante. Entretanto, após sua chegada, foi determinado um
valor de serviços e estabelecido oportunidades iguais para todos os
trabalhadores desta área. Medidas como estas causaram revolta aos empresários marítimos
e a Delegacia Regional do Trabalho.
Nessa
época, Seu Firmo deu visibilidade ao Sindicato, efetuando a convocação de
profissionais da área e deu inúmeras entrevistas nos matutinos da época. Foi
uma inovação para sofrida classe dos marítimos.
Sua família só chegou em 1961 e foram morar em
um prédio na Rua Cândido Mendes nº 82, de propriedade de Ildon Rocha, pai do ex
prefeito de Imperatriz Ildon Rocha.
A
efervescência política da época por causa de inúmeras greves e as ideias
comunistas que começava a tomar corpo no Brasil, fez com que qualquer líder
sindical que lutasse por melhores remunerações de trabalho era tido como subversivo.
Às
1:00 hora da manhã do dia 1º de maio, dia do trabalho, Firmo Lopes Filho foi
preso em sua residência e levado em um jipe do exercito cercado de
metralhadoras e fuzis, para o 24º Batalhão de Caçadores, pois, havia uma ameaça
de levante que iria acontecer naquele dia.
Por
conta de sua aguerrida luta em prol dos trabalhadores marítimos, ficou preso 50
dias nas celas do 24º BC ao lado de Maria Aragão, Bandeira Tribuzi, Geraldo
Coelho, Miguel Graciliano, Willian Moreira Lima e Gaudêncio, com quem tinha
mais aproximação. Também dividia espaço do cárcere com mais outras pessoas, tais
como Edson Vidigal, dentre outros...
Em
suas conversas dizia que sua situação, na época, era muito perigosa, pois, era
o único ex-combatente preso por subversão em São Luís e talvez no Brasil e isso,
de certa forma, o colocava em risco eminente de uma represália mais efetiva do
sistema da época.
Conversando com Seu Firmo é que pude entender
uma frase que tinha lido em um livro e me chamou bastante atenção: “A prisão
não são as grades e a liberdade não é a rua. Existem homens presos na rua e
livres na prisão. É uma questão de consciência”. (Mahatma Gandhi)
Após
a saída da prisão, foi arbitrariamente posto para fora do sindicato pelos
dirigentes pelegos que assumiram a presidência sindical no Rio de Janeiro. Entretanto,
depois de dois anos de luta ganhou na justiça todos os direitos trabalhistas
perdidos pela injusta demissão.
Em
1966 foi trabalhar como contramestre de embarcação no rebocador da Petrobrás.
Logo após, em 1968, trabalhou na Construtora Itapoã, também como contramestre
na construção das pontes do: São Francisco e Bandeira Tribuzi. Nas suas
conversas, seu Firmo gabava-se dizendo que na época da construção da Ponte de
São Francisco, muitas vezes, prestou serviço ao então Governador José Sarney e
família levando-os para a casa de veraneio que fica no farol de São Marcos.
Brincava que cansou de passar carão em Roseana e Zequinha Sarney porque viviam
querendo mexer nos comandos da embarcação.
A
intensa vida de Seu Firmo foi marcada por batalhas intensas, dizia que um homem
é um combatente nato e que a felicidade e o êxito dos ideais só tinham valor se
fossem precedidas de lutas. Isso me remete a frase: “O verdadeiro
heroísmo consiste em persistir por mais um momento, quando tudo parece
perdido”. (W. F. Grenfek).
Casou-se
em 16 de agosto de 1945 com Dona Vanda Moreira Lopes e com ela teve os filhos;
Paulo Roberto Moreira Lopes (Agrônomo), Luís Carlos Moreira Lopes (Economista e
Advogado) e Lúcia Maria Moreira Lopes (Médica). Tem 9 nove netos e 6
bisnetos.
Dia
29 de abril deste ano, aos 95 anos o combatente viajou para encontrar o criador
deixando um legado de luta, honradez e gloria. Foi enterrado com honras militares
tanto da Marinha quanto do Exercito. Aproveito para parabenizar e agradecer
suas pertinentes iniciativas.
Tenho
certeza que com a morte deste combatente, o Brasil e o Maranhão perdem uma
substancial história e estimula a uma reflexão sobre a maneira tímida como nós
brasileiros e maranhenses “cultuamos” os nossos próprios heróis, POIS SÃO GENTE
SIMPLES E HEROIS SIMPLEMENTE ESQUECIDOS.
Família
Moreira Lopes.