Ao ler
artigo do professor e especialista em Direito
Eleitoral, Flávio Braga no blog de Robert
Lobato, não pude
deixar de me manifestar.
Para início de conversa, não existe sistema
eletrônico seguro em lugar nenhum.
Especialistas da Universidade de Brasília
quebraram a segurança da Urna Eletrônica (CONFIRA).
Um Hacker de 19 anos revela
no Rio como fraudou eleição.
Um
novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi
apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três
horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de
Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna
eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das
seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do
Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola-Alberto
Pasqualini.
Acompanhado
por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um
delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19
anos, identificado apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como —
através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio
de Janeiro, sob a responsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados
alimentadores do sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados
aos computadores da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando
candidatos em detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado.
“A
gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo
transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram
transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está
prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como
atuava para fraudar resultados.
O
depoimento do hacker – disposto a colaborar com as autoridades – foi
chocante até para os palestrantes convidados para o seminário, como a Dra.
Maria Aparecida Cortiz, advogada que há dez anos representa o PDT no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) para assuntos relacionados à urna eletrônica; o
professor da Ciência da Computação da Universidade de Brasília, Pedro Antônio
Dourado de Rezende, que estuda as fragilidades do voto eletrônico no Brasil,
também há mais de dez anos; e o jornalista Osvaldo Maneschy, coordenador e
organizador do livro Burla
Eletrônica, escrito em 2002
ao término do primeiro seminário independente sobre o sistema eletrônico de
votação em uso no país desde 1996.
Rangel,
que está vivendo sob proteção policial e já prestou depoimento na Polícia
Federal, declarou aos presentes que não atuava sozinho: fazia parte de pequeno
grupo que – através de acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava
votações antes que elas fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional
Eleitoral (TRE).
A
fraude, acrescentou, era feita em benefício de políticos com base eleitoral na
Região dos Lagos – sendo um dos beneficiários diretos dela, ele o citou
explicitamente, o atual presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio
de Janeiro (Alerj), o deputado Paulo Melo (PMDB). A deputada Clarissa Garotinho,
que também fazia parte da mesa, depois de dirigir algumas perguntas a
Rangel - afirmou que se informará mais sobre o assunto e não pretende
deixar a denúncia de Rangel cair no vazio.
Fernando
Peregrino, coordenador do seminário, por sua vez, cobrou providências:
“Um
crime grave foi cometido nas eleições municipais deste ano, Rangel o está
denunciando com todas as letras – mas infelizmente até agora a Polícia
Federal não tem dado a este caso a importância que ele merece porque ele
atinge a essência da própria democracia no Brasil, o voto dos brasileiros” –
argumentou Peregrino.
Por
ordem de apresentação, falaram no seminário o presidente da FLB-AP, que fez um
histórico do voto no Brasil desde a República Velha até os dias de hoje,
passando pela tentativa de fraudar a eleição de Brizola no Rio de Janeiro em
1982 e a informatização total do processo, a partir do recadastramento
eleitoral de 1986.
A
Dra. Maria Aparecida Cortiz, por sua vez, relatou as dificuldades para
fiscalizar o processo eleitoral por conta das barreiras criadas pela própria
Justiça Eleitoral; citando, em seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em
diversas partes do país – todos abafados pela Justiça Eleitoral. Detalhou fatos
ocorridos em Londrina (PR), em Guadalupe (PI), na Bahia e no Maranhão, entre
outros.
Já
o professor Pedro Rezende, especialista em Ciência da Computação, professor de criptografia
da Universidade de Brasília (UnB), mostrou o trabalho permanente do TSE em
“blindar” as urnas em uso no país, que na opinião deles são 100% seguras. Para
Rezende, porém, elas são “ultrapassadas e inseguras”. Ele as comparou com
sistemas de outros países, mais confiáveis, especialmente as urnas eletrônicas
de terceira geração usadas em algumas províncias argentinas, que além de
imprimirem o voto, ainda registram digitalmente o mesmo voto em um chip
embutido na cédula, criando uma dupla segurança.
Encerrando
a parte acadêmica do seminário, falou o professor Luiz Felipe, da Coppe da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, que em 1992, no segundo Governo
Brizola, implantou a Internet no Rio de Janeiro junto com o próprio Fernando
Peregrino, que, na época, presidia a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de
Janeiro (Faperj). Luis Felipe reforçou a idéia de que é necessário aperfeiçoar
o sistema eleitoral brasileiro – hoje inseguro, em sua opinião.
O
relato de Rangel – precedido pela exposição do especialista em redes de dados,
Reinaldo, que mostrou como ocorre a fraude dentro da intranet, que a Justiça
Eleitoral garante ser segura e inexpugnável – foi o ponto alto do seminário.
Peregrino
informou que o seminário será transformado em livro e tema de um documentário
que com certeza dará origem a outros encontros sobre o mesmo assunto – ano que
vem. Disse ainda estar disposto a levar a denuncia de Rangel as últimas consequências
e já se considerava um militante pela transparência das eleições brasileiras:
“Estamos aqui comprometidos com a transparência do sistema eletrônico de
votação e com a democracia no Brasil”, concluiu. (OM).
Fonte:
Por Apio Gomes, no portal do PDT, via Amilcar
Brunazzo Filho, publicado em 11 de dezembro de 2012 às 19:57.